A cirurgia bariátrica é uma das formas mais utilizadas para tratamento da obesidade mórbida por ser eficaz a curto e longo prazo, principalmente quando se tem comorbidades associadas, pois a cirurgia proporciona uma melhora nessas patologias.
As mulheres que se submetem à essa cirurgia, em sua grande maioria, estão em idade fértil e acabam por ter benefícios na fertilidade após o procedimento. Porém sabemos que deve-se ter um cuidado maior nessas pacientes que já passaram por esse tipo de procedimento, pois corre risco de aborto, parto prematuro, subnutrição e desenvolvimento de deficiências nutricionais tanto na mãe quanto no feto. É recomendado não engravidar nos primeiros 12 a 18 meses após a cirurgia, pois é o período de maior perda de peso, podendo trazer um prejuízo maior para o bebê.
Após a cirurgia existe um aumento na fertilidade, devido à normalização dos níveis hormonais, controle da Síndrome do Ovário Policístico, comum nessas pacientes, regularização da menstruação e ovulação, aumentando a fertilidade e a fecundidade.
A perda de peso traz consigo uma melhora ou resolução de alguns transtornos endócrinos e aumento da atividade sexual nessas pacientes que podem ser surpreendidas com o aumento na capacidade de engravidar principalmente no período de maior e mais rápida perda ponderal.
Os estudos mostram que a diminuição de peso reduz o risco de hipertensão arterial e diabetes gestacional, independente de ter sido realizada ou não a cirurgia bariátrica.
As deficiências nutricionais podem ser prevenidas ou revertidas com o manejo nutricional adequado, porém as crianças tem uma tendência a nascer Pequenas para a Idade Gestacional (PIG) nessa população. O ideal é que as deficiências de micronutrientes sejam prevenidas ou corrigidas antes da gestação. As deficiências nutricionais de ferro, ácido fólico, vitamina B12, cálcio, vitamina D e proteína são as mais comuns decorrentes de cirurgias disabsortivas e que podem ocasionar complicações fetais como nascimento prematuro, baixo peso ao nascer, hipocalcemia neonatal ou raquitismo, retardo mental fetal e defeitos do tubo neural.
O surgimento dessas deficiências nutricionais podem surgir através de diferentes mecanismos, como:
– Restrição dietética: induzida pela cirurgia pode comprometer a ingestão devido algumas limitações, principalmente no pós-cirúrgico imediato, além de causar intolerância a certos alimentos, como carne, leite e alimentos ricos em fibras, fazendo com que a dieta seja monótona e com pouca variedade de nutrientes.
– Exclusão de parte do estômago: O alimento pode não ser digerido corretamente devido a uma redução na secreção de ácido gástrico que é necessária para absorver vitaminas e minerais, como vitamina B12 e ferro.
– Desvio intestinal: promove um prejuízo na absorção de alguns nutrientes como o cálcio, já que são excluídos do trânsito, o duodeno e jejuno proximal.
É interessante não só para pacientes que desejam engravidar, mas todos os pacientes que realizem essa cirurgia que devem ser continuamente informados sobre a necessidade de ingestão de suplementação no pós-operatório, além de acompanhamento nutricional, exames periódicos, e se necessário, adequar as doses de vitaminas ou minerais.
É importante ter um acompanhamento multidisciplinar, tanto pré como pós cirúrgico, principalmente se a paciente tiver o objetivo de engravidar, para que possa se prevenir os riscos de complicações na gestação, dando condições favoráveis para mãe e bebê.
Pinheiro, R.C.M. et al. Implicações nutricionais da gravidez após cirurgia de by-pass gástrico: uma revisão de literatura. Com. Ciências Saúde. 2014; 25(1): 69-78.
Islanne Leal
Nutricionista
CRN 12981
2 Comentários
Simplesmente adorei as dicas citadas aqui, realmente a infertilidade é um grande problema que afeta muitas mulheres e acredito que com um bom tratamento nós podemos conseguir o tão sonhado filho ou filha. Adorei seu blog.
Nossa nunca pensei que deveria demorar tanto tempo para engravidar depois de fazer a cirurgia bariátrica, é bom saber antes fazer o procedimento. este post foi muito esclarecedor.